segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ouvir a voz do silêncio




"É apenas no silêncio intencional da vigília
e da meditação, ou nos lugares sossegados
da natureza que encontramos a canção do
Universo. Como o vento nos cabos
telegráficos, essa canção ecoa ao longo dos
caminhos do mundo cósmico: inclui o giro
celestial dos planetas, o zumbido dos insetos,
o canto e a dança da grama, a canção de todos
os antepassados e espíritos e o batimento de
nossos próprios corações".
Caitilin Matthes


Alguns costumam dizer que meus ouvidos
escutam além do que normalmente se pode
ouvir. Há uma audição prenhe de silêncio.
Não posso negar. O criador ele vê, ouve,
percebe, sente, degusta de modo distinto.
Podem ser poucos segundos. Frações de
tempo misteriosamente dispersas. Quem é
que nos fala? Difícil saber. Quem organiza
esse conteúdo? Ah, é impossível decifrar.
Do mesmo manancial que vêm as lágrimas,
os sonhos, as brincadeiras, os momentos de
encanto,as fragâncias alquímicas e deliciosas
das panelas, também aportam os sussurros do
silêncio. Essa fonte preciosa e precisa não
segue tempo algum. Ela, por si só se decifra,
sem necessitar de inquisições ou de esfinges
a lhe representar.
Não creiam que o silêncio esteja solto em sua
borda. Tampouco, em suas profundezas. Ele
gravita no mais grande.

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