Alegrias proibidas

"Aceitar a responsabilidade de ser uma criança
de Deus é aceitar o que de melhor a vida tem
para lhe oferecer"
Stella Terrill Mann

Quis sair para dançar. De repente, estou em outro local e com pessoas que nem gostaria de estar. Quem já não passou por isso alguma vez? Já pensei, muitas e muitas vezes, em fazer um corte de cabelos radical. Pintar as unhas de azul ou amarelo (ou uma mão de cada cor). Comprar uma guitarra e fazer muito barulho (fingindo ser o Dire Straits). Pegar carona em um jet ski. Chamar a turma apaixonada por musicais para inventarmos alguma cena original do cotidiano. Andar nas muretas, próximo ao mar. Comprar armas de água para fazer uma guerra molhada. Algumas desses desejos são tão banais, que não imagino porque adio para outra "ocasião". Lembro neste momento de um personagem meio patético do filme "Sim, Senhor!", que só falava "não" para a vida. Como muitos de nós, o ator Jim Carrey faz o típico sujeito repleto de alegrias proibidas. Até virar o jogo. Ao começar a falar alguns "sins" ele vira completamente o jogo. E diz por pura necessidade. Só isso já faz com que traga de novo o amor e a aventura para sua vida. Já sei que o melhor é não se dar muito tempo para pensar. Sem pestanejar, sem medo, digo SIM SENHOR. Se me arrepender, ao menos vou me divertir. E as alegria não me escaparão por entre os dedos.

Ouvir a voz do silêncio

"É apenas no silêncio intencional da vigília
e da meditação, ou nos lugares sossegados
da natureza que encontramos a canção do
Universo. Como o vento nos cabos
telegráficos, essa canção ecoa ao longo dos
caminhos do mundo cósmico: inclui o giro
celestial dos planetas, o zumbido dos insetos,
o canto e a dança da grama, a canção de todos
os antepassados e espíritos e o batimento de
nossos próprios corações".
Caitilin Matthes

Alguns costumam dizer que meus ouvidos
escutam além do que normalmente se pode
ouvir. Há uma audição prenhe de silêncio.
Não posso negar. O criador ele vê, ouve,
percebe, sente, degusta de modo distinto.
Podem ser poucos segundos. Frações de
tempo misteriosamente dispersas. Quem é
que nos fala? Difícil saber. Quem organiza
esse conteúdo? Ah, é impossível decifrar.
Do mesmo manancial que vêm as lágrimas,
os sonhos, as brincadeiras, os momentos de
encanto,as fragâncias alquímicas e deliciosas
das panelas, também aportam os sussurros do
silêncio. Essa fonte preciosa e precisa não
segue tempo algum. Ela, por si só se decifra,
sem necessitar de inquisições ou de esfinges
a lhe representar.
Não creiam que o silêncio esteja solto em sua
borda. Tampouco, em suas profundezas. Ele
gravita no mais grande.

Surfando no mar da vida

"É com relação a Deus que demonstramos
menos probidade: não lhe concedemos o
direito de pecar!"
Nietzsche

Eu bem que gostaria...
Enquanto ensaiamos, a vida acontece.
Não é apenas um desfecho qualquer, ela
de fato acontece.
Eu penso que subir em uma prancha e pegar
uma onda - não uma onda qualquer, mas "a"
onda - requer estar ali, no momento. E,
para estar presente, aqui e agora, eu devo
no mínimo querer.
Quantas vezes, sem ao menos perceber, já
estou surfando. Os meus medos dizem o oposto,
que não posso, que vou me esborrachar, perder
o equilíbrio, me perder de mim...
É quando eu arrisco encarar a onda, é que
eu me projeto sobre ela. A onda me carrega,
suave, me aproxima de tudo o mais. Eu sei,
sei mesmo, que então, já estarei dentro de
um magnífico tubo.
De que adianta mostrar para alguém que entrei
no tubo se não curti o momento? Se não saboreei
estar ali, com o meu ser inteiro?
Viver é mais do que filosofar. É estar além,
muito além do Bem e do Mal. Não é renunciar ao
mundo, mas estar no mundo, com a alma total e
completamente encarnada.

Criar sempre criar

"Corpo da terra, não fale sobre a terra.
Conte a história de puros espelhos.
O Criador lhe deu o seu esplendor
Por que falar sobre outras coisas?"
Rumi

Estou lendo sobre os anjos criadores.
Aqueles mesmos que inspiram os humanos a irem
sempre além de seus próprios sonhos.
Por que esse meu fascínio com os anjos?
Quando estou em contato direto com a natureza, sinto
uma presença vibrante que me leva a expandir meu ser.
Penso sempre: "Se sinto toda essa energia, é porque
só pode haver mais coisas do que minha vã filosofia
pode imaginar..."
É tudo muito mágico, muito especial. E, ao mesmo
tempo, tão simples.
Se estou bem, abastecida de energia da Fonte, estou
conectada. Se não estou, não percebi que despluguei.
Mesmo assim, é tudo muito misterioso. E eis que
vivemos sob este fascínio... onde nos situamos no
meio de toda essa imensidão.
Não somos nada. Ao mesmo tempo, tudo!